Na tarde de quarta-feira (21), quarto dia da programação principal do UIA2021RIO (27º Congresso Mundial de Arquitetos), os dois últimos palestrantes da lista de keynote speakers falaram ao público internacional do evento: o brasileiro Angelo Bucci, fundador do escritório de arquitetura SPBR Arquitetos, e Solano Benítez, do Paraguai, sócio-fundador do Gabinete de Arquitectura.
ANGELO BUCCI E A ARQUITETURA DE AUTORIA
O arquiteto brasileiro Angelo Bucci é um nome de destaque na arquitetura contemporânea paulista, com projetos marcados pela exploração de ideais inovadores. Bucci diz acreditar na ideia de autoria a partir do entendimento de uma arquitetura feita por pessoas, aproximando o trabalho a uma proposta de unidade.
Ele apresentou três de seus projetos, com escalas totalmente diferentes: um círculo perfeito de aço, cuja fina espessura representa a camada da vida humana na Terra; o projeto da Casa de Fim de Semana, na área central de São Paulo; e uma exposição no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, com o objetivo de redesenhar o museu como se fosse uma moldura do Parque Ibirapuera (dentro do qual o MAM se encontra), sendo acessível de dentro e de fora do parque, e interagindo diretamente com a cidade e seus habitantes.
– A batalha do projeto, no caso, eu acho que poderia ser como a batalha travada sempre dentro de cada arquiteto atuante, entre o que recebemos e o que vamos deixar no plano cultural, a herança e o legado – afirmou Bucci.
SOLANO BENÍTEZ E AS CONSTRUÇÕES MAIS ACESSÍVEIS
O segundo palestrante da tarde foi Solano Benítez, um dos nomes mais renomados na arquitetura latino-americana contemporânea, premiado internacionalmente com o BSI Swiss Architectural Award e o AIA Honorary Fellowship. O arquiteto é referência em termos de técnica, por utilizar materiais regionais e simples na idealização de construções mais econômicas e ecológicas.
Ao apresentar dois projetos diferentes, com espaço de 30 anos entre os dois – o seu primeiro escritório e uma casa encomendada –, Benítez mostrou que é possível reduzir a quantidade de gastos e de consumo em uma obra. Ele destacou como é primordial a incorporação de diferentes materiais em construções, de modo a reaproveitar o que foi descartado de outras edificações, como vigas metálicas, barro e tijolos antigos.
Benítez defendeu, no UIA2021RIO, que a redução do consumo em uma obra e a utilização do que seria considerado lixo de modo eficiente gera uma oportunidade de moradias mais acessíveis financeiramente. Sobre a casa apresentada durante a palestra, o arquiteto contou que gastou menos da metade do que as pessoas normalmente pagam em dólares por m², o que resulta em um novo e mais esperançoso horizonte para moradias acessíveis. Ele ressaltou que sua fama veio, justamente, por fazer aquilo que não se sabe, ou seja, por produzir conhecimento e inovar. Para o paraguaio, precisamos ter mais cuidado com a nossa existência e das outras pessoas:
– Em um mundo no qual, apesar dos nossos melhores esforços, 60% da população vive em situação de pobreza, é necessário repensar as condições em que vivemos na Terra e como lidamos uns com os outros. Torna-se imperativo nos aventurarmos no que não sabemos fazer, para que, por meio disso, venham oportunidades de fazer desse mundo um lugar de paz – defendeu Benítez.