A sétima edição do Café no CAU/RJ debateu um assunto urgente para o futuro das cidades, a sustentabilidade. Referências no tema, o sócio-fundador da RRA Arquitetura Ruy Rezende, e o sócio-fundador da Cité Arquitetura Celso Rayol, foram os convidados do evento, realizado na quarta-feira, 23 de outubro. O vice-presidente do CAU/RJ Carlos Abreu foi o mediador da mesa, que foi aberta pelo presidente do CAU/RJ, Sydnei Menezes, e pela vice-presidente Michelle Beatrice.
“A gente começou a criar este tipo de encontro mensal desde que a gente assumiu o CAU/RJ, em janeiro, porque a gente entende que o CAU tem que ser ocupado efetivamente pelos arquitetos, mas pelos arquitetos e arquitetas do mundo real, aqueles que produzem RRT, aqueles que têm dificuldades em conseguir contratos. São esses arquitetos que sustentam o Conselho”, disse o presidente do CAU/RJ, Sydnei Menezes.
A vice-presidente do CAU/RJ Michelle Beatrice também ressaltou a importância desses eventos. “Estamos fazendo o Café no CAU/RJ todo mês para aproximação, para que gente possa dialogar e trazer convidados para a gente conhecer e trocar ideias, não somente entre arquitetos, mas com toda a sociedade. O nosso Conselho é para isso, para valorização da arquitetura e para conscientizar a sociedade do nosso papel dentro do todo”, afirmou.
O arquiteto e urbanista Ruy Rezende falou sobre sua carreira profissional, à frente do RRA Arquitetura, e apresentou o projeto da sede do jornal O Globo, dando detalhes sobre sua fachada cinética. A preocupação com a sustentabilidade está presente em toda a sua trajetória. Em 1999, o escritório já buscava um alinhamento com a Agenda 21 da ONU. Em 2007, um dos projetos do RRA Arquitetura conquistou a primeira certificação LEED Core & Shell da América Latina. Em 2012, com o Parque Madureira, obtiveram a primeira certificação de qualidade ambiental AQUA para um espaço público no Brasil.
“Para Vitruvius nem para Lucio Costa, com dois mil anos de diferença, não havia uma preocupação com a finitude das coisas. Até quando vamos conseguir extrair granito? Até quando não vamos conseguir tirar pedra para fazer concreto? Até quando não vamos conseguir ter este mundo que nós conhecemos? Não é para minha geração, nem para os meus netos, nem para os meus bisnetos, mas as coisas estão acabando. E aí você começa a pensar, como é que eu faço?”, questionou.
Celso Rayol, sócio-fundador da Cité Arquitetura, apresentou alguns projetos de sua autoria, com destaque para o Partage Brasília Shopping, que tem a sustentabilidade como pilar, além de falar sobre fachadas ativas e sobre a sustentabilidade social, com a inclusão de azulejos e outras formas de arte de moradores de comunidades e de artistas locais nos projetos, além da parceria com o Instituto Vini Jr.
Rayol citou algumas dificuldades em adotar critérios de sustentabilidade seja no escritório seja nos projetos. Os desafios vão desde os custos mais elevados do papel reciclado à falta de um horto que forneça espécies nativas para o projeto do shopping em Brasília. “Nos edifícios residenciais a gente tem uma grande luta dos nossos clientes, principalmente do consumidor final. A gente está falando um pouquinho aqui de quem usufrui desses benefícios da sustentabilidade no que se tange às tecnologias ou às economias de água, etc. Enquanto no comercial fica muito claro quem vai economizar, no residencial, muitas vezes, a opção do comprador é que a unidade seja mais barata para ele comprar de início e depois ele vai correr atrás de como se torna sustentável”, avaliou.
Para o vice-presidente do CAU/RJ Carlos Abreu há um distanciamento muito grande dessa discussão da prática profissional, não só no planejamento, mas da própria concepção dos projetos. “Outro aspecto importante é a visão da compreensão do custo, não só o custo financeiro, o custo de execução. É raro o colega que senta hoje para fazer o seu projeto, que tenha a dimensão real do custo de execução, de quanto eu vou poder vender um imóvel, do quanto ele tenha responsabilidade na organização de uma área urbana. Eu acho que o sucesso tanto de um Ruy quanto de um Celso passa exatamente por essa visão mais completa”, observou.