O CAU Brasil recebeu nesta sexta, 27 de janeiro, o novo presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Leandro Grass, e o diretor de Patrimônio Material e Fiscalização, arquiteto e urbanista Andrey Rosenthal Schlee. Eles foram recepcionados pela presidente Nadia Somekh, por conselheiros federais e por representantes de todas as entidades que compõem o CEAU (Colegiado das Entidades Nacionais de Arquitetos e Urbanistas).
A presidente Nadia Somekh relembrou a disposição expressa pelo CAU Brasil e entidades que subscreveram a Carta aos candidatos (as) nas eleições 2022 colaborar para resgatar o papel do Ministério da Cultural como orientador das políticas públicas de proteção e recuperação do patrimônio cultural material e imaterial e da paisagem.
Diversas publicações técnicas produzidas por arquitetos e urbanistas e instituições representativas do patrimônio foram entregues aos novos titulares como material de suporte à formulação de políticas. “Precisamos retomar o Sistema Nacional de Patrimônio e a construção de um fundo nacional para redistribuição de recursos que possa atender a todo o país”, afirmou Nadia.
A presidente também defendeu a realização da Jornada Nacional de Patrimônio e uso da Lei de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS), de 2008, para recuperação de imóveis em centros históricos, para ocupação por população de baixa renda
Leandro Grass e Andrey Rosenthal Schlee serão empossados oficialmente pela Ministra da Cultura, Margareth Menezes, no dia 31 de janeiro, mas estão à frente das pastas desde o dia 9, apenas um dia depois das depredações das edificações históricas do Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. Segundo Leandro Grass, o momento é de reconstrução do IPHAN. “Estamos reconstruindo o que foi desconstruído, construindo o que era pra ter sido construído e organizando a casa”, resumiu. “Não nos falta amor para servir o povo. Por isso, queremos restabelecer com vocês esta relação de parceria e construção coletiva, de muita fundamentação técnica e política institucional para tomar as decisões corretas no sentido de dar ao povo brasileiro as oportunidades do acesso, do direito à cidade e, principalmente, a co-responsabilidade na salvaguarda do patrimônio brasileiro”, declarou o novo presidente, que é sociólogo de formação e ex-deputado pelo Distrito Federal.
Professor da Universidade de Brasília e pesquisador da área do patrimônio, o arquiteto e urbanista Andrey Rosenthal Schlee já esteve à frente da diretoria do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do IPHAN entre 2012 e 2019. Em saudação aos colegas na sala do plenário do CAU Brasil, ele afirmou: “Estou emocionado por esse primeiro encontro acontecer no CAU, que sempre esteve aberto ao diálogo com o IPHAN, foi o IPHAN que se fechou nos últimos anos”. Ele também ressaltou “ser muito significativo que a reunião esteja acontecendo na sede do CAU, no dia em que o IAB completa 102 anos e no Dia do Restaurador.
“Tenho a responsabilidade de sentar na cadeira que já foi ocupada por Lucio Costa. É uma responsabilidade histórica com essa instituição construída Lúcio e outros arquitetos que se dedicaram em cada um dos estados que vocês representam”, completou o diretor. Entre as pautas prioritárias da nova gestão, segundo Andrey Schlee, estão a Assistência Técnica em Centros Históricos, a revisão de pautas retrospectivas, e a construção do inventário nacional da arquitetura popular e arquitetura indígena. “Não se enfrenta problemas como estes sem os arquitetos e sem o CAU”, completou.
Ao longo de mais de uma hora, os novos titulares ouviram as contribuições e demandas locais dos arquitetos e urbanistas que representam a categoria em todas as regiões do país. A partir das realidades locais, os conselheiros e conselheiras solicitaram atenção a temas como a necessidade de um projeto de estado que valorize a arquitetura como dimensão da cultura nacional, das paisagens culturais e populares e das características urbanísticas e arquitetônicas locais.
A Conselheira Federal pelo Rio de Janeiro, Maíra Rocha, ressaltou a importância de edifícios históricos como o Palácio Capanema e o edifício A Noite e fez um alerta sobre a paisagem cultural do Rio de Janeiro, especialmente dos espaços livres, como o destombamento do Buraco do Lume, espaço de resistência política da cidade. “Este destombamento está completamente fora do contexto que a gente espera para nossa cidade que é uma revitalização dos espaços públicos e requalificação de outros edifícios já existentes para uso residencial”, afirmou. Ela também abordou a intenção da prefeitura de conceder o Aterro do Flamengo e outros parques municipais para administração da iniciativa privada. “Isso é nefasto para a cidade que está precisando reativar seus espaços públicos e verdes neste momento pós-pandemia”.
O CEAU esteve representado por Maria Elisa Batista (Instituto de Arquitetos do Brasil- IAB), Andréa dos Santos (Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas – FNA), Danilo Silva Batista (Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura – ABEA), Ana Maria Reis de Goes Monteiro (Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo-ABEA) e Doriane Azevedo (Associação Brasieira de Arquitetos Paisagistas- ABAP).
Representantes do CEAU