Obras de 31 arquitetos da Escola Carioca foram reunidas na edição da revista Monolito, lançada nesta terça-feira (12), no Studio X, na Praça Tiradentes. A publicação foi uma das contempladas na terceira edição do Programa CAU/RJ de Patrocínio Cultural, em 2015, e apresenta 81 projetos, com fotos de Leonardo Finotti.
Nomes como Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Sergio Bernardes e Irmãos Roberto fizeram parte da Escola Carioca, movimento da arquitetura moderna, desenvolvido entre as décadas de 30 e 60, que deixou para a cidade referências como o Palácio Gustavo Capanema, o conjunto habitacional Pedregulho, o Aterro do Flamengo, entre outros.
O editor da Monolito, Fernando Serapião, explicou que a equipe da revista teve grande dificuldade em encontrar um recorte para o tema e que a edição se apoiou na documentação fotográfica. “Havia muito mais para se discutir sobre a Escola Carioca do que cabe em uma edição. Este é um tema polêmico. Há quem diga que não se pode falar em Escola, já que os participantes não lecionaram. Queríamos mostrar que o movimento é mais que apenas o Oscar Niemeyer; como a Escola influenciou gerações, e trazer para o leitor informações sobre o estado atual dessas obras”.
“Os grandes mestres da arquitetura moderna fizeram edifícios belíssimos, mas em nome dessa arquitetura também foram feitas muitas experiências malsucedidas. Atualmente, pensa-se mais na relação dos prédios com a cidade. Essa não era uma preocupação tão grande naquela época”, explicou o presidente do CAU/RJ, Jerônimo de Moraes, que prestigiou o evento.
Participaram do debate de lançamento os arquitetos Francisco Hue, sócio diretor do escritório de mesmo nome e professor da PUC-Rio; Gustavo Martins, sócio fundador da Oficina de Arquitetos, e Caio Calafate, sócio do escritório Grua Arquitetos e professor do Instituto Europeu de Design (IED) e da Universidade Santa Úrsula.
Para Francisco Hue, a Escola Carioca não apenas existiu como influenciou diversas gerações. “Utilizamos hoje muitos elementos dessa época, como brises, azulejos, cogobós, entre outras soluções encontradas para a vida em um país tropical, apesar de, muitas vezes, serem usadas de forma equivocada ou desprezadas atualmente”.
Martins falou ainda da necessidade de se buscar uma nova forma de fazer arquitetura. “Se me perguntarem se conseguiria construir e projetar como os mestres da arquitetura moderna, a resposta seria não, mas hoje temos outra percepção da arquitetura. Cidade e edifício fazem parte do mesmo sistema”.Gustavo Martins ressaltou a peculiaridade de cada arquiteto e urbanista pertencente à Escola Carioca. “Há características projetuais que se repetem, mas cada integrante possui características próprias: a rigidez limpa de Reidy, a relação dos Irmãos Roberto com o espaço, de Niemeyer com a escala”.
Caio Calafate seguiu a mesma linha de pensamento. “Temos hoje a liberdade de imaginar outras práticas. Superar a arquitetura-objeto e pensar uma arquitetura-cidade. Precisamos pensar no que é a arquitetura contemporânea e praticar o novo”, complementou.