Patrimônio Mundial da Humanidade, o Centro Histórico de São Luís foi palco do II Seminário de Patrimônio Histórico, promovido pelo CAU Brasil e pelo CAU Maranhão. Com o tema “Diversidade em Diálogos Permanentes”, o evento reuniu arquitetos e urbanistas para discutir a preservação do patrimônio cultural brasileiro e anunciou um novo programa de revitalização de Centros Históricos, coordenado pelo Instituto do Patrimônio e Artístico Nacional (Iphan). Marca também a participação do CAU no 9º Fórum Internacional de Patrimônio Arquitetônico (FIPA) Brasil – Portugal, que acontecerá, com a mesma temática, na capital maranhense entre os dias 14 e 16.
Houve também uma emocionante homenagem prestada à arquiteta e urbanista Dora Alcântara, reconhecida guardiã do Patrimônio Histórico Brasileiro e pesquisadora da azulejaria luso-brasileira. Dora, que completou 92 anos neste dia, tem uma atuação incansável na defesa da preservação do patrimônio cultural e do ensino de Arquitetura e Urbanismo. Foi Diretora de Tombamento e Conservação do Iphan, entre outros cargos, professora da da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e escreveu livros e pesquisas sobre azulejos luso-brasileiros, com prêmios no Brasil e no exterior.
Na homenagem, Dora expressou sua gratidão aos arquitetos e urbanistas presentes e ressaltou a importância dos debates promovidos pelo CAU, IAB e Iphan. “Esses momentos de discussão são de extrema importância. Todo o ensino, desde a base, deve incutir a ideia de patrimônio”, afirmou. “Precisamos amar mais nosso país, olhar para nós mesmos a partir de uma visão global. As coisas antigas nos dão raízes fortes e vibrantes para construir o futuro”.
Em 2020, Dora Alcântara recebeu o Colar de Ouro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), a maior comenda da instituição, pela sua contribuição à arquitetura brasileira e à preservação do patrimônio cultural
REVITALIZAÇÃO DOS CENTROS HISTÓRICOS
O novo programa do Governo Federal de revitalização de Centros Históricos foi anunciado pelo presidente do Iphan, Leandro Grass. Segundo ele, a iniciativa tem como objetivo contemplar os direitos das pessoas de acessar o patrimônio e promover a preservação de forma abrangente.
“Para além da Arquitetura e Urbanismo, essa é uma causa da cidadania, do direito à cidade, da vida urbana em sua plenitude”, disse. “No Governo Federal, nosso sentimento é de resgate do patrimônio. O Patrimônio Edificado é a essência da sociedade”, disse. “Queremos olhar para o território em sua integridade, valorizando os significados que esses espaços carregam.”
Leandro Grass enfatizou a importância do diálogo entre nações irmãs, como Brasil e Portugal, para promover a cooperação e troca de conhecimentos sobre patrimônio. Falou ainda do interesse do Governo em estabelecer parcerias internacionais, especialmente com governos africanos, reconhecendo que o Brasil também possui uma ligação profunda com a história e o patrimônio cultural da África.
Desde o começo do ano, o presidente do Iphan tem sido um parceiro constante do CAU Brasil. No fim de janeiro, recém-empossado, ele e o diretor de Patrimônio Material e Fiscalização, Andrey Rosenthal Schlee, foram recepcionados na sede pela presidente Nadia Somekh, por conselheiros federais e por representantes de todas as Entidades Nacionais de Arquitetos e Urbanistas.
Em maio, ele participou do Ciclo de Debates sobre Patrimônio e Acervos, atividade que fez parte da programação paralela à exposição “Souto de Moura – Memórias, projetos e obras”, na Embaixada de Portugal em Brasília.
FÓRUM INTERNACIONAL
A mesa de abertura do II Seminário de Patrimônio Histórico contou ainda com a participação de Hermes da Fonseca Neto, presidente do CAU Maranhão; Marcelo Machado Rodrigues, conselheiro federal do CAU Brasil; Maria Rita Amoroso, coordenadora geral do Fórum Internacional de Patrimônio Arquitetônico Brasil-Portugal (FIPA); e Ricardo Soares Mascarello, coordenador da Comissão de Política Urbana e Ambiental do CAU Brasil.
Maria Rita Amoroso destacou a relevância do FIPA para a preservação e utilização dos monumentos históricos, deixando um legado duradouro por onde passa. “Precisamos entender que a preservação do patrimônio material depende do patrimônio imaterial para ganhar vida”, disse. Ela expressou seu entusiasmo pela retomada do FIPA em São Luís, em parceria com o Iphan e o CAU/MA, iniciada com o então presidente Marcelo Machado (hoje conselheiro do CAU Brasil) e continuada pelo atual presidente Hermes da Fonseca.
O conselheiro do CAU Brasil Marcelo Machado demonstrou sua satisfação ao ver o trabalho sério e dedicado sendo continuado em São Luís. “Na nossa capital temos um Patrimônio Mundial invejável, arquitetos e urbanistas que adoram esse patrimônio, e uma cidade que vive esse patrimônio”, afirmou. Ele ressaltou ainda a presença de Dora Alcântara, uma figura dedicada ao patrimônio da cidade.
Hermes da Fonseca, presidente do CAU/MA, mencionou a alegria em colaborar com o FIPA. Ele enfatizou o poder de influência dos arquitetos e urbanistas na sociedade, no mercado e nas instituições. “O Maranhão está ganhando visibilidade. O CAU/MA quer contribuir com novos eventos. Vamos aproveitar o evento para promover mais parcerias”, disse.
CÂMARA DE PATRIMÔNIO DO CAU
Ricardo Mascarello, coordenador da Comissão de Política Urbana e Ambiental do CAU Brasil, anunciou o desenvolvimento da Câmara Temática do Patrimônio do CAU, um espaço para diálogo com representantes da sociedade. Ele informou que a proposta será votada na próxima Reunião Plenária do CAU Brasil, na sexta-feira, e mencionou o início da Carta dos Acervos Documentais, que se concentra na preservação de documentos relevantes para a Arquitetura e Urbanismo.
Na primeira mesa de debates, arquitetos e urbanistas e demais profissionais envolvidos no campo tiveram a oportunidade de compartilhar experiências, discutir desafios e propor soluções inovadoras para a preservação do patrimônio cultural. Entre eles estavam Rui Lourido, presidente do Observatório da China e coordenador cultural da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA); Alcília Afonso, coordenadora-geral do Docomomo Brasil; e Grete Pflueger, conselheira suplente do CAU Brasil e professora da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Felipe Contier, da Rede Brasileira de Acervos de Arquitetura e Urbanismo; e Ricardo Soares Mascarello, conselheiro do CAU Brasil, também contribuíram com o debate.
No fim das apresentações, o conselheiro do CAU Brasil Ricardo Mascarello destacou que só através da união de esforços será possível garantir a preservação e a valorização do patrimônio histórico. Este II Seminário de Patrimônio Histórico foi mais um passo importante nessa jornada, impulsionando ações e inspirando a proteção e revitalização de nossos centros históricos.
Fonte: CAU Brasil