O Pontal do Atafona, em São João da Barra, no litoral norte-fluminense, vem sendo, há décadas, tragado pelo mar. Este foi o ponto de partida para a artista plástica Jeane Terra criar suas obras. Desde 3 de março, seus trabalhos, até então inéditos, foram reunidos na exposição “Escombros, peles, resíduos”, em cartaz na galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, em Ipanema.
As poéticas obras da artista discutem a memória habitada em escombros de casas, e agora, de maneira mais ambiciosa, de cidades. Em janeiro de 2020, Jeane Terra fez uma longa pesquisa na praia de Atafona e, dessa imersão, surgiram instalações, esculturas, objetos. Algumas de suas obras foram feitas pelo método de “pintura seca” ou “pele de tinta”, processo que ela mesma criou.
Por esta técnica, inventada durante a pandemia, a artista transfere as fotografias que fez em Atafona, por meio de um delicado e complexo processo, para a “pele de tinta”, que serve de suporte para uma monotipia (técnica de fazer gravuras com uma única impressão) seca. O processo confere uma aparência de documento antigo, de pergaminho.
“Quis tatuar, marcar, inscrever na pele. E no processo de transferência da imagem para a pele, ela se fragmenta, se dilacera, como a memória. Parece que o tempo desgastou”, observa o curador da exposição, Agnaldo Farias. “Esta ideia de resíduos, peles, escombros tem a ver com construções e com uma arquitetura que é reivindicada pela própria terra para a condição de ruína, para que esta construção volte à própria terra”, observa.
Sobre a artista
Artista mineira radicada no Rio de Janeiro, Jeane Terra frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e na Escola Guignard, em Belo Horizonte, entre outros cursos na área. Foi assistente da artista plástica Adriana Varejão por dez anos.
Sua pesquisa está atrelada à memória e suas subjetividades, investigando fragmentos e nuances da transitoriedade das cidades, do apagamento urbano, do crescimento desenfreado das urbes e de sua ocupação. Trabalha com diferentes suportes e se dedica especialmente à pintura, escultura, fotografia e videoarte. Com treze anos de trajetória, participou de mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior.
Serviço:
“Jeane Terra – Escombros, peles, resíduos”
Simone Cadinelli Arte Contemporânea
Rua Aníbal de Mendonça, 171, Ipanema, Rio de Janeiro
3 de março a 29 de maio de 2021
Segunda a sexta-feira, das 13h às 18h.
Aos sábados, sob agendamento: +55 21 3496-6821 | +55 21 99842-1323 (WhatsApp)
Entrada gratuita
Será observado todo o protocolo contra a Covid-19.
Patrocínio: Grupo Petra Gold