Para Elizabeth Portzamparc, membro do Comitê de Honra do 27º Congresso Mundial de Arquitetos (UIA2020RIO), o arquiteto e urbanista precisa ter amor pelo local onde os projetos serão construídos e ousadia na concepção dos trabalhos. A arquiteta e urbanista brasileira, radicada na França, esteve no Rio de Janeiro, no dia 30 de janeiro, e apresentou a palestra “Nova arquitetura, nova visão de mundo” na sede do Departamento Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ).
Ao fazer uma linha do tempo da profissão, citando estudiosos da arquitetura e urbanismo, Elizabeth comparou o homem multidimensional de Vitruvius, que irradia o conhecimento, com o homem quantitativo de Neufert e afirmou que Le Corbusier reduziu as cidades a seu aspecto funcional. Nos anos 60, houve uma reação aos excessos do movimento moderno, visão com a qual a arquiteta e urbanista passou a se identificar, seguida pelo período do pós-modernismo, marcado pelo fim das grandes ideologias que serviam de alicerce a nossa civilização e pela sociedade do espetáculo.
Elizabeth Portzamparc apresentou muitos de seus trabalhos. A começar pelos que desenvolveu no começo de sua carreira, como a renovação do bairro histórico de Saint Saturnin em Antony, evitando a gentrificação do local, e sua participação para o Coulée Verte, um corredor verde de 4,7 km no sul de Paris. Ela falou também sobre projetos no Brasil, como o Centro Cultural Francês que desenvolveu em Santa Catarina, em 2005, ano da França no país, e o recente concurso para a Marina da Glória, cuja proposta não foi vencedora.
A arquiteta e urbanista tem realizado inúmeros trabalhos no exterior. Na França, fez o projeto da Biblioteca do Campus Condorcet, em Aubervilles, e o Musée de la Romanité, em Nimes. O campus Condorcet reúne, em um só local, 45 bibliotecas de ciências humanas. O edifício é poroso, aberto à população do bairro, além de ser um projeto bioclimático, construído com materiais e sistemas de ventilação que dispensam ar condicionado quando a temperatura está abaixo de 35°C.
Portzamparc também apresentou projetos em andamento, como a Torre Taichung Intelligence Operation Center em Taiwan, e a Cidade da Ciência, em Xangai, na China. “Neste projeto, a cada quatro andares, há uma praça. Minha ideia não é mais criar torres de empilhar pessoas, mas criar ruas e praças verticais onde as pessoas possam se encontrar”, afirmou. “No concurso de Taiwan, o pedido era uma torre para inteligência artificial, mas eu fiz uma proposta de uma torre humana. Queria mostrar a importância do controle humano sobre a inteligência artificial. Eu era a única que trabalhei essa ideia e tive sorte”, contou.