O Comitê Internacional de Documentação e Conservação de Edifícios, Sítios e Bairros do Movimento Moderno (Docomomo) realiza abaixo-assinado contra a possível venda do Palácio Gustavo Capanema, conhecido também como MEC. O anúncio do leilão de imóveis está previsto para acontecer nesta sexta-feira, 27 de agosto.
Há duas semanas, o jornal Valor Econômico divulgou informação sobre o leilão, que incluiria, além do Capanema, outros prédios tombados como o edifício A Noite e a antiga sede da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). O anúncio causou revolta entre arquitetos e urbanistas e outros setores de defesa do patrimônio cultural.
Na nota “O MEC não pode ser vendido”, assinada por 20 entidades, o CAU/RJ reforçou a importância arquitetônica do prédio e a ilegalidade de se vender um bem tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Conselho também participou de audiências públicas na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e na Câmara Municipal para tentar evitar a venda.
Durante os encontros, tanto o presidente do CAU/RJ, Pablo Benetti, quanto a vice-presidente do CAU/RJ Noemia Barradas ressaltaram a possibilidade de utilização dos prédios públicos vazios para uma política habitacional no Centro do Rio.
A possível venda do MEC e outros bens tombados também foi tema do podcast Perspectiva, com a arquiteta e urbanista Lia Motta, especialista em Conservação e Restauração de Sítios e Monumentos Históricos.
O governador do Rio, Claudio Castro, e o presidente da Alerj, André Ceciliano, afirmaram, no dia 18 de agosto, que o Governo Federal sinalizou que iria retirar o Palácio Gustavo Capanema da lista de imóveis a serem leiloados.
Como explica, o abaixo-assinado promovido pela Docomomo Internacional e pela Docomomo Brasil, o Capanema foi construído no Governo Vargas e contou com uma equipe excepcional em seu projeto e construção, que incluiu os arquitetos e urbanistas Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Jorge Moreira, Carlos Leão e Ernani Vasconcellos.
Le Corbusier atuou brevemente como consultor. O MEC conta, ainda, com jardins projetados por Burle Marx, painéis de interiores de Portinari, tapetes de Niemeyer, esculturas de Bruno Giorgi, Adriana Janacópulos, Lipchitz e Celso Antônio. O engenheiro estrutural era Emilio Baumgart.
O Capanema é a obra brasileira mais citada em livros de arquitetura mundo afora, apontada como o primeiro edifício monumental do mundo a aplicar diretamente os conceitos da Arquitetura Moderna de Le Corbusier.
Para assinar o abaixo-assinado, clique aqui.