A quarta edição da série de debates preparatórios para o UIA2020RIO, promovido por 15 escolas de Arquitetura e Urbanismo do estado do Rio de Janeiro, discutiu o tema “Mudanças e Emergências”. O evento, que ocorreu na sede do IAB-RJ, no dia 6 de junho, abordou questões ambientais, mudanças climáticas e novas tecnologias. Participaram das discussões os professores David Zee (UERJ), Luiz Maia (UFRJ) e Denise Vogel (Silva e Souza), com mediação de Jeane Trindade. A organização foi das faculdades Silva e Souza, Unilasalle e UERJ – campus Petrópolis.
Denise Vogel, que também é diretora do Instituto Niemeyer, abordou os planos diretores e setoriais em sua palestra. Lembrou da necessidade de elaborar as Leis Complementares relacionadas aos planos diretores, que abordam instrumentos como o macrozoneamento urbano, perímetro urbano e abairramento, parcelamento do solo e código de obras. A arquiteta e urbanista criticou o fato de os planos setoriais, como os de mobilidade, saneamento e prevenção de riscos não dialogarem com os planos diretores. Vogel sugeriu a ampliação das exigências legais ao Poder Público Municipal e o estabelecimento de “metas urbanísticas” para os governantes.
O meio ambiente foi um dos assuntos principais do debate. O professor Luiz Maia apresentou conceitos sobre tempo, clima e qualidade do ar e propôs sugestões para a redução da poluição nas cidades. Entre elas, estão a substituição de veículos poluentes, a implantação de telhados e paredes verdes, a criação de áreas verdes, a arborização urbana e a limitação da construção de viadutos. “As novas gerações já nascem com problemas decorrentes da qualidade do ar”, alertou.
Maia discutiu também o conceito de justiça ambiental, criado em Berlim, no pós-guerra. Segundo o professor, o governo deve identificar as áreas da cidade que trazem mais riscos à saúde e realizar ações para minimizar os impactos. Como exemplo, citou o Complexo da Maré, localizado entre a Avenida Brasil e a Linha Vermelha e que, portanto, recebe poluentes das duas vias.
Para David Zee, não estamos aproveitando os recursos que a natureza promove, o que contribui para a deterioração da qualidade de vida. Ele falou sobre as causas do aumento dos riscos nas cidades, como a ocupação de áreas de risco, a desinformação social, a falta de protocolo para manutenção e a prioridade dada às medidas corretivas ao invés das preventivas.
Zee explicou que o risco é uma interação entre as ameaças, exposição e vulnerabilidades. Como não é possível controlar as ameaças (chuvas, ventos, ressacas, secas etc) é preciso agir sobre os outros dois fatores. A exposição está ligada a características geológicas (baixadas, várzeas, encostas, vales, serras), enquanto as vulnerabilidades englobam áreas favelizadas, impermeabilizadas, carentes de equipamentos urbanos, de lançamento de resíduos urbanos, com alta densidade demográfica ou perda dos serviços ambientais.
“As cidades cresceram independentemente das pessoas, do entorno. Não podemos fazer projetos para cidades ideais. Precisamos planejar para a cidade real”, afirmou Lee. Segundo ele, é preciso contar com a inovação. “Estamos acostumados a fazer gestão olhando para o passado. Precisamos ter a coragem de criar novos métodos e olhar para o futuro”, opinou.
Participam da organização do ciclo de debates, os cursos de arquitetura e urbanismo das universidades: IFF, UFRJ, UFRRJ, UFF, UERJ, Gama e Souza, IBMR, PUC-Rio, Silva e Souza, UGB, Unesa, Unigranrio, Unilasalle, Unisuam e UVA, com apoio da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (Abea), do CAU/RJ e do IAB-RJ.
Confira quando serão os próximos eventos:
EIXO 1 – Diversidade e Mistura: agosto de 2019
EIXO 2 – Mudanças e Emergências: setembro de 2019
EIXO 3 – Fragilidades e Desigualdades: outubro de 2019
EIXO 4 – Transitoriedades e Fluxos: novembro de 2019