Não existe trabalho com desenho ecológico urbano sem ativismo constante: é o que a colombiana Martha Fajardo reforça como aprendizado de uma carreira de mais de trinta anos na arquitetura paisagística. Este mês, a arquiteta virá ao Brasil para participar do seminário internacional
“Urbanismo 25 anos: percursos e prospectivas”, evento comemorativo do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo (Prourb) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ), que acontece no Rio de Janeiro nos dias 19 e 20. Segundo ela, ainda há certa ignorância sobre a importância do paisagismo para o desenvolvimento das cidades e, mais do que nunca, precisamos “fortalecer a posição da atividade do paisagista e investir nas dimensões sociais, econômicas e tecnológicas da infraestrutura verde”.
Co-fundadora do estúdio de urbanismo ambiental Grupo Verde, que tem mais de 300 projetos voltados para a infraestrutura ecológica de espaços públicos, Martha Fajardo foi a primeira mulher a presidir a Federação Internacional de Arquitetos Paisagistas (IFLA), de 2002 a 2006. Dedicada a reforçar a nível global o papel do arquiteto paisagista para a construção de sociedades mais democráticas e sustentáveis, fundou em 2012 a Iniciativa Latino-Americana da Paisagem (Lali), que promove conferências, seminários e workshops sobre o assunto em todo o continente. No seminário, a colombiana participará da mesa “Cidade e Futuro”.
Ela defende que todo planejamento para o futuro deve sempre ter a integração, e não a imposição, como ponto de partida: “A cidade é como um ser vivo complexo, com metabolismo próprio, nascido da interação dos múltiplos sistemas que a constituem. Não adianta impor certo tipo de desenvolvimento para um desses sistemas se são as muitas as demandas gerais urgentes: combater a desigualdade social, beneficiar o acesso à cultura e à educação, adaptar-se às mudanças climáticas etc. É essencial ter a visão holística de que tudo tem o mesmo valor no território. Ou seja, eu, como ser humano, entendo a importância do outro, dos animais, da água, do solo”.
Para Martha Fajardo, com altos custos para gestão de infraestruturas urbanas, é preciso considerar que projetos de espaços públicos como parques e praças são mais rápidos, baratos, sintonizados com a natureza e a cultura, e bem recebidos pelos usuários. Do parque urbano ao plano ecológico
regional, arquitetos paisagistas têm se dedicado a recuperar o valor de locais públicos que fazem parte do “cenário diário” dos habitantes e incentivam a diversão, a inclusão e o contato com a biodiversidade.