A solenidade em homenagem ao Dia do Arquiteto e Urbanista reuniu na quinta-feira, 15 de dezembro, mais de 250 pessoas no Museu de Arte do Rio (MAR). O evento, promovido pelo CAU/RJ e CAU Brasil, foi marcado por homenagens, entrega de premiações e palestra magna da arquiteta carioca, mas radicada em Paris, Elizabeth Portzamparc.
A mesa de abertura contou com as participações da gerente do MAR Gisele de Paula, da presidente da Federação Nacional dos Arquitetos (FNA), Eleonora Mascia, da presidente do CAU Brasil, Nadia Somekh, e do presidente do CAU/RJ, Pablo Benetti. Gisele falou da sua felicidade em receber o evento no museu. Alegrou-se também, como arquiteta e urbanista, poder atuar na área de cenografia e etnografia, onde se debruça a estudos sobre território e entornos. Já Eleonora destacou o simbolismo em comemorar o Dia do Arquiteto e Urbanista, presencialmente, no museu, um espaço de cultura. “Celebrar o Dia do Arquiteto e Urbanista, da Cultura, da inclusão e tanta coisa que a arquitetura e urbanismo representa é sempre importante. Para nós do Colegiado das Entidades de Arquitetura e Urbanismo (CEAU) é sempre uma alegria estar entre colegas de profissão e de tantas militâncias por um país melhor”, afirmou.
A presidente do CAU Brasil lembrou que, originalmente, suas celebrações ocorrem em Brasília, em um edifício projetado por Oscar Niemeyer. “Hoje estamos muito contentes em estarmos aqui, neste ícone da arquitetura, que congrega intervenção contemporânea em um patrimônio histórico”, explicou. Nadia falou ainda dos desafios de sua gestão, que começou lá atrás, ao propor em São Paulo uma chapa de candidatas a conselheiras exclusiva de mulher. “Conseguimos reunir 156 mulheres nessa iniciativa. Vencemos as eleições e, com meus colegas conselheiros federais, propusemos uma gestão inovadora, que vai além da consolidação do Conselhos”, disse. Lembrou ainda das pesquisas que apontam que, aproximadamente, 80% das obras no Brasil são feitas sem responsável técnico: “São obras sem arquitetos, sem projeto e com qualidade abaixo do necessário. Nossas cidades precisam de mais intervenções do nosso ofício. Nesse sentido lançamos a campanha Mais Arquitetos, que tem como objetivos ampliar a compreensão das classes mais necessitadas sobre como o ofício dos arquitetos e urbanistas proporciona qualidade de vida às pessoas e difusão da Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social. Mais de 25 milhões de moradias precisam da gente”, concluiu.
Pablo Benetti aproveitou o momento festivo para anunciar três novidades: o convênio com a FNA para promoção do projeto Softwares Livres para Arquitetura e Engenharia (Solare), o lançamento do aplicativo para dispositivos móveis do CAU/RJ, este atrelado a um concurso de fotografia, e a campanha de orçamento participativo da autarquia. “A campanha do orçamento participativo é uma novidade absoluta do nosso Conselho. Nasceu da convicção de que nós não temos monopólio das iniciativas e do saber. A ideia é ouvir os colegas de todo o estado do Rio de Janeiro para que possam apresentar ao CAU/RJ propostas de atividades que promovam a valorização da profissão e melhore nossa inserção na sociedade”, explicou o presidente do CAU/RJ.
PREMIAÇÕES
A mesa de abertura foi seguida das entregas dos prêmios Personalidade do Ano no Interior, CAU+Diversidade e Grande Prêmio Grandjean de Montigny, todos do CAU/RJ. Idealizado pela Comissão Temporária do Interior, o prêmio Personalidade do Ano no Interior busca valorizar e dar mais visibilidade ao profissional que atua no interior do estado, e premiou, nesta primeira edição, três profissionais: Marilene Pinheiro dos Santos, Zuleika Luiza Monção Zanuzzio, indicadas pela Associadas de Arquitetos e Engenheiros de Rio das Ostas (AERO), e Ranieri Barbosa Eliziário, indicado pelo Instituto de Arquitetos e Urbanistas de Angra dos Reis.
Os projetos vencedores do prêmio CAU+Diversidade foram: Uma perspectiva de Cuidar em Liberdade: Centro de Acolhimento a Saúde Mental em São Gonçalo, de Ingrid de Oliveira Bernardinho (categoria projeto arquitetônico); Apartamento Japerica, de Isadora Tenório de Araújo (categoria projeto de arquitetura de interiores); Encruzilhada Cultural: a legitimação da memória urbana na Região da Grande Madureira, de Melissa Martins Alves (categoria projeto urbanístico); e Sub Urbe Vital: uma análise urbana, histórica e sociológica do Rio de Janeiro a partir do Méier, de Flávia Cavalcanti Rodrigues de Figueiredo (categoria estudo teórico). Receberam ainda menções honrosas os trabalhos O Jardim dos Tecelões, de Lígia Castanheira Magalhães (categoria projeto urbanístico), A mercantilização de terras públicas: investigações sobre o direito à moradia o Centro do Rio de Janeiro e A performatividade do caminhar, de Luiza Bertin Bovo e Alline Margarette da Mota Serpa, respectivamente (ambos na categoria estudo teórico).
A vencedora da 7ª edição do Grande Prêmio Grandjean de Montigny foi Sophia Vollú Keweloh Trindade (UFRJ), com o trabalho Arquitetura como prática política: investigação projetual atra´ves de autogestão habitacional no Centro do Rio. Orientação de Ana Slade e Gustavo Poeys. Larissa de Paula Scheuer (UFRJ) e Maria Clara Palermo Meliande (UFRJ) ficaram em terceiro e segundo lugar, respectivamente.
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O CAU Brasil anunciou também os projetos vencedores do Edital de Athis 2022. São eles: Reabilitação Urbana e Ambiental do Bairro Gogó da Ema, em Itabuna (BA); Mutirão para mitigação de risco em Franco da Rocha; Casa Eco-Pantaneira em Ladário (MS); Morar Bem, em Rio Brando do Sul (PR); Reurb-S nas Ocupações “Em busca de um sonho” e “Em busca por moradia”, em São Carlos; Plano comunitário de gestão de riscos na comunidade Caiçara de Ponta Negra; autourb-reurb Anchieta; e Entre o parque e a favela. Este tem como área de atuação o bairro da Coreia, em Mesquita (RJ), duramente afetado pelas chuvas de abril de 2022. O projeto tem como objetivo conscientizar e envolver a população por meio de dinâmicas baseadas nas técnicas do Teatro do Oprimido, de Augusto Boal.
Homenagem especial foi prestada ao arquiteto e urbanista Sérgio Magalhães, que recebeu a Comenda de Honra ao Mérito da Arquitetura e Urbanismo João Filgueiras Lima – Lelé. Esta é a principal honraria concedida pelo CAU Brasil e tem como propósito o reconhecimento de profissionais que prestaram relevantes serviços à nação brasileira durante o exercício de suas atribuições profissionais e/ou quando investidos em representações institucionais da profissão. Sérgio foi presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), entre 2012 e 2017, idealizador e um dos principais responsáveis por trazer o 27° Congresso Mundial de Arquitetos da União Internacional de Arquitetos (UIA2021RIO) para o Brasil. Ocupou o cargo de Secretário Municipal de Habitação do Rio de Janeiro (1993-2000), foi o responsável pela concepção da política habitacional da cidade, que inclui o programa Favela-Bairro, implementado em 155 favelas do Rio e reconhecido mundialmente como referência na atuação com territórios autoconstruídos.
“Fico muito emocionado em receber esta comenda, que tem como patrono o nosso extraordinário arquiteto, colega e mestre, Lelé. Recebo, muito orgulhoso por essa distinção, mas a recebo por todos que promoveram o Congresso Mundial de Arquitetos, que começou em 2013, quando o IAB recebeu a incumbência de pleitear a candidatura do Rio e do Brasil como sede do congresso”, afirmou Magalhães. De acordo com o arquiteto, a candidatura foi apresentada em 2014, em Durban, na África do Sul, onde Nadia Somekh estava presente como representante do IAB na União Internacional dos Arquitetos (UIA). Desde o início, o UIA2021RIO contou com patrocínio do CAU Brasil e do CAU/RJ, além do apoio das demais entidades nacionais de arquitetura e urbanismo. “O congresso foi, para além das instituições, das pessoas que construíram esse milagre. Enfrentamos várias pandemias nesse período, que nos obrigaram a reorganizar tudo e, na incerteza completa, redirecionar o modo como realizar o congresso. O UIA2021RIO contou com a participação de 88 mil pessoas, arquitetos e urbanistas sobretudo, de 195 países que, de algum modo, contribuíram para debater os temas mais importantes da arquitetura, urbanismo, da cidade, da vida contemporânea, na compreensão de que fazemos parte de um mundo só e a esse mundo precisamos dar nossa atenção”, completou.
PARA CADA HISTÓRIA, UM ARQUITETO OU UMA ARQUITETA
Para comemorar o Dia do Arquiteto e Urbanista deste ano, o CAU Brasil exibiu vídeo da campanha “Para cada história, um arquiteto ou uma arquiteta”. A ação, composta por três filmes e outas diversas peças, conta histórias reais, de pessoas e contextos completamente diferentes e mostra a todos o quanto os profissionais de arquitetura são acessíveis a diversos nichos e fazem muita diferença na vida das pessoas. O primeiro vídeo, lançado na solenidade realizada no MAR, apresenta Natalie Cavassani, que teve sua história transformada pelas arquitetas Gabriela Mestriner e Natália Minas.
Em seguida, a arquiteta e urbanista Elizabeth Portzamparc apresentou palestra magna em que falou um pouco da sua trajetória profissional e destacou a responsabilidade dos arquitetos e urbanistas em dois assuntos que julga primordiais: crise climática e urbana.
ASSISTA, ABAIXO, A ÍNTEGRA DA SOLENIDADE EM HOMENAGEM AO DIA DO ARQUITETO E URBANISTA