Concursos

Centro Cultural Rio África: IAB-RJ e Prefeitura do Rio lançam concurso para arquitetos negros

O Departamento do Rio de Janeiro (IAB-RJ) do Instituto dos Arquitetos do Brasil, em parceria com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Companhia Carioca de Parcerias e Investimento (CCPAR), lançou o concurso para a construção do novo Centro Cultural Rio-África, localizado na região da Pequena África e do Cais do Valongo, Zona Portuária do Rio de Janeiro, no dia 5 de julho, às 19 horas, em live no canal oficial do IAB-RJ no Youtube.

O concurso está aberto para arquitetos negros brasileiros e africanos de língua oficial portuguesa com assento no Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa (CIALP) e selecionará o projeto com melhor solução técnica para a implementação do Centro Cultural Rio-África que irá contribuir para que a população carioca e os visitantes do Porto Maravilha e da Pequena África conheçam a história, os personagens e o desenvolvimento urbano desse território, além de promover a arte e cultura contemporânea afro-brasileira e afro diaspórica.

“O Cais do Valongo é um espaço de história e resistência do povo negro carioca e nada mais justo que realizar esse concurso voltado para os arquitetos negros e negras. Direcionar dessa forma é oportunizar a esses profissionais a realização de um projeto que reflete, de certa forma, o passado de cada uma dessas pessoas”, pontua Marllon Sevilha, coordenador do concurso e conselheiro do CAU/RJ.

“Nós sabemos a importância histórica que a Pequena África tem para o povo da diáspora africana no Rio de Janeiro e no Brasil e ter o projeto de um profissional negro ou negra é reforçar nosso compromisso com a inclusão de pessoas negras nos espaços de tomadas de decisões, até porque, historicamente, a arquitetura é embranquecida. Precisamos ocupar espaços que também são nossos por direito”, completa Marllon.

Ao todo, serão distribuídos R$105 mil aos três primeiros colocados e o grande vencedor será contratado para o desenvolvimento do projeto de mais de R$3 milhões. O objetivo é ter, no Centro Cultural Rio-África, ações que produzam e provoquem interpretações sobre a ancestralidade afro-diaspórica, a cultura, o passado e o futuro da região portuária. Serão realizadas exposições, mostras e programas educativos para o público compreender a região de maneira sensível e crítica.

O novo espaço também vai registrar a evolução urbana do território onde há o maior conjunto de remanescentes da presença africana na cidade, com destaque para o Cais do Valongo. O certame será dividido em quatro fases, iniciando em junho, com a pré-produção.

Entre os meses de julho e agosto, serão abertas as inscrições, a homologação dos candidatos e as bancas de heteroidentificação dos candidatos. Já no final de agosto e no mês de setembro, o concurso entra na fase de julgamento dos projetos e resultados. A premiação, última fase do certame, fica para o mês de outubro deste ano, com reimpressão do trabalho e montagem da exposição com todos os projetos apresentados.

O julgamento das propostas acontecerá em fase única. Entre os meses de julho e setembro estarão abertas as inscrições para os participantes. Em setembro ocorrerá às bancas de heteroidentificação e a homologação das inscrições. O envio das propostas deverá ocorrer entre 29 de julho e 16 de setembro. O julgamento deverá ocorrer entre o final de setembro e início de setembro, com homologação do resultado final em 17 de outubro e cerimônia de premiação após a data.

O ganhador do concurso internacional deve construir uma proposta arquitetônica para jogar luz sobre as diversas transformações e renovações ocorridas na região hoje designada como Pequena África e, também, sobre o Porto Maravilha, para promover uma análise histórica e reflexiva dos impactos culturais decorrentes das sucessivas atividades desenvolvidas naquela região, com foco nas populações e territórios afrodescendentes.

Para a produção do projeto os participantes deverão levar em consideração algumas linhas de pesquisa de conteúdo e formação de acervo no circuito expositivo a ser proposto para o Espaço Rio-África como Memória, História e Cultura daqueles que por ali passaram e ali viveram; Arte afro-brasileira; Presença cultural afro-brasileira nas manifestações culturais; Território, destacando as diversas transformações espaciais da zona portuária.

Alguns eixos temáticos estarão presentes como o Porto, o Mar e a Cidade – as complexas relações da cidade com o mar pelo prisma da região portuária; suas conexões com o mundo transatlântico; importância simbólica e cultural do litoral e da relação com o mar na construção das identidades cariocas e brasileiras.

Gente, Cultura e Trabalho – a multiplicidade e a circulação de culturas na região, a classe trabalhadora da zona portuária, os construtores da cidade e sua importância na formação das identidades cariocas e brasileiras; a centralidade da Pequena África e foco em personagens que permitam compreender o território e a valorização da cultura afro-brasileira.

Arte Negra Contemporânea – a partir de coleções de obras de arte de artistas negros já organizadas como a do Museu de Arte do Rio e de futuras aquisições e empréstimos, um espaço expositivo será dedicado à valorização desses artistas e à promoção de jovens talentos.

Evento de lançamento do concurso. Foto: Douglas Dobby

HISTÓRIA DO CAIS DO VALONGO

O Cais do Valongo passou a ser ponto de desembarque de pessoas escravizadas, trazidas do continente Africano, onde durante os anos de 1774 a 1831, funcionou o mercado de escravos do Rio de Janeiro, tendo depósitos, armazéns e o cemitério dos Pretos novos, sendo considerado o maior mercado escravista da América.

A partir de 1831, o comércio de pessoas passou a ser enfraquecido devido à proibição formal do tráfico atlântico no Brasil, dando lugar ao Cais da Imperatriz, no qual recebia integrantes da corte europeia. a região da pequena áfrica passou por um processo de ocultamento de vestígios da ação então proibida, sofrendo diversas obras, tornando-se mais tarde parte do porto da cidade.

Mesmo com a tentativa de ocultação da rotina criminosa que acontecia na região, promovida por membros de classes sociais elevadas, o sítio arqueológico do cais do valongo carrega diversas evidências da história da região.

O território usado anteriormente como ponto de chegada no Brasil para escravos, passou a ter grande concentração de pessoas pretas, as quais tornaram localidade no berço cultural de pessoas pretas e pardas, carregando  história e costumes, sendo atualmente listado pela ONU como patrimônio mundial.

PROGRAMAÇÃO

Inscrições: de 5 de julho a 30 de agosto

Envio das propostas: até dia 30 de setembro

Julgamento dos projetos: de 7 a 29 de outubro

Resultado e Premiação: 29 de outubro

Fonte: IAB-RJ

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

OUTRAS NOTÍCIAS

Edital Tripartite do Concurso de Ideias “Intervenções Contemporâneas em Bens Protegidos” é lançado

IPP lança chamamento público para realização do Seminário Internacional de Estratégias para Erradicação da Pobreza Urbana

Vem aí! Edital Tripartite do Concurso de Ideias “Intervenções Contemporâneas em Bens Protegidos” será lançado em agosto