Pela primeira vez no Morro da Providência, o CAU/RJ realizou nesta terça-feira, 5 de novembro, a primeira edição de 2024 do Encontro com a Sociedade, com a presença do antropólogo colombiano Santiago Uribe, um dos responsáveis pela revitalização das favelas de Medellín, na Colômbia. “Se a transformação acontece, o Rio será a melhor cidade do mundo. Mas a melhor cidade não é a que tem os melhores cenários, mas a que tem as melhores pessoas. A transformação tem pessoas com um sentimento de pertencimento e amor pela cidade”, avaliou Uribe.
O presidente do CAU/RJ, Sydnei Menezes, explicou a atuação do Conselho e destacou o papel social dos arquitetos e urbanistas. “Por que só as pessoas da classe média e alta podem ter arquitetos e arquitetas e melhorar as suas condições de vida e de habitabilidade? Por que as pessoas que moram, convivem nas periferias, nas favelas, nas comunidades, não podem ter esse direito também? O nosso papel enquanto arquiteto e urbanista, é nos colocar à disposição das pessoas que precisam”, declarou.
A vice-presidente do CAU/RJ Michelle Beatrice contou que conheceu o projeto Arquitetos da Favela e o Morro da Providência há cerca de três anos e ampliou sua percepção a respeito da importância da profissão de arquiteto e urbanista. “A gente precisa se juntar, a gente precisa trabalhar em conjunto. E aí o papel do arquiteto urbanista é fundamental porque ele não somente traz a técnica e outras soluções, mas também é um grande interlocutor do poder público, do poder privado. Estamos juntos enquanto arquitetos e urbanistas que somos, pensando de forma multidisciplinar nossas ações para a sociedade”, afirmou.
Também participaram da abertura do evento, o arquiteto e urbanista Fernando Pereira, idealizador do projeto Arquitetos da Favela e a presidente da Associação de Moradores do Morro da Providência, Gisele Soares. “Dom” Fernando lembrou que nesta segunda-feira, 4 de novembro, foi o Dia da Favela. “Eu venho lutando há muitos anos para falar sobre o potencial da arquitetura e urbanismo na construção de políticas públicas para as favelas do Rio de Janeiro para moradia, qualidade de vida e urbanização e como o projeto tem que ser de dentro para fora. O projeto não pode chegar pronto”, pontuou.
Já Gisele Soares lembrou que a comunidade passou por várias intervenções de habitação, acesso, pavimentação, em todas as gestões. “É muito importante dialogar sobre isso e entender mais sobre a favela. A favela necessita muito e faz parte da sociedade também”, disse.
Diante de uma plateia lotada, com a presença de inúmeras lideranças locais, o antropólogo Santiago Uribe falou um pouco sobre a transformação da cidade de Medellín, na Colômbia, que passou da cidade mais violenta do mundo, na década de 1990, em uma das mais inovadoras. Ele ressaltou a importância de ouvir as pessoas e contou que não gosta de utilizar o termo “periferia”. “Para vocês que moram aqui, este é o centro da vida de vocês. A ideia de uma periferia é que está longe do outro e o que precisamos é juntar esse outro, que muitas vezes é o estado e as instituições. Em Medellín falamos em territórios autoconstruídos e eles também fazem parte da cidade”, disse.
Promovido anualmente no segundo semestre de cada ano, em 2024, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ) estará presente nas três grandes regiões do estado com o Encontro com a Sociedade, visando fortalecer o debate sobre o papel social da arquitetura e urbanismo, aprimorar o exercício profissional e promover o papel do(a) arquiteto(a) e urbanista para outros setores da sociedade.
A próxima edição do Encontro com a Sociedade será realizada no dia 26 de novembro, no Teatro Ipanema (Rua Prudente de Morais 824), das 13 às 17h, em parceria com a Associação de Moradores e Amigos de Ipanema. O evento terá como objetivo orientar síndicos sobre suas responsabilidades legais como gestores de condomínios.