Em entrevista para a Rádio Tupi nesta terça-feira (03), no programa Francisco Barbosa, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ) abordou importantes questões da realidade carioca, como construções abandonadas, mobilidade urbana e mudanças climáticas.
Ao relembrar os recentes desabamentos de imóveis abandonados no Rio, como a casa em que Carmem Miranda viveu no Arco do Teles, um sobrado histórico na Praça da República e o casarão na Praça da Bandeira que deixou uma vítima fatal no mês de março, o presidente do CAU/RJ, Sydnei Menezes, defendeu o IPTU progressivo como possível solução para o problema: “É um imposto que a prefeitura aplicaria aos proprietários desses terrenos e imóveis, que em razão do abandono, a alíquota do IPTU iria aumentando. Então você puniria o responsável por não cuidar do seu patrimônio e colocar em risco a população. Já passou da hora de regulamentar o IPTU progressivo”.
Sobre a questão da mobilidade urbana, o presidente do Conselho afirmou que a dificuldade com que as pessoas se deslocam na capital carioca não deve ser tratada como algo normal, apesar de corriqueiro. “Não é aceitável que uma pessoa se desloque para o seu local de trabalho demorando duas, três, quatro horas dentro de um ônibus em um engarrafamento”. A preocupação de construir um possível estádio para o Flamengo na área do antigo Gasômetro, onde foi recentemente inaugurado o Terminal Intermodal Gentileza, também foi mencionada pelo radialista Francisco Barbosa. “Não se pode lançar uma ideia de um estádio, ou de um shopping, o que quer que seja, sem antes levar em consideração o estudo de viabilidade técnica, urbanística, viária, impacto de vizinhança. Essas coisas precisam ser consideradas”, explicou o presidente do CAU/RJ, Sydnei Menezes.
As mudanças climáticas e possíveis soluções preventivas para o Rio de Janeiro foram os últimos tópicos abordados na entrevista para a Rádio Tupi. O presidente do CAU/RJ falou sobre a importância de combater o negacionismo climático e de encontrar recursos adaptáveis para a cidade: “Pensar no conceito de cidade-esponja para o Rio de Janeiro e Grande Rio, na região da Baixada Fluminense, é um desafio. Porque as margens dos rios, canais, lagos e lagoas do nosso estado, infelizmente, já estão ocupadas, muitas por comunidades já consolidadas. Essas áreas das faixas marginais são as áreas naturais que cumprem o papel de esponja, áreas com previsibilidade de inundação.” Como uma solução técnica que pode de fato ser aplicada e amenizar o problema de enchentes, Sydnei Menezes citou os “piscinões” na região da Grande Tijuca: “Eu visitei pessoalmente o reservatório da Praça da Bandeira para entender o sistema. se trata de um grande piscinão subterrâneo que recebe o excesso das águas de chuva, as retem e libera aos poucos para os rios e canais, de modo que impeça uma inundação”. O presidente do CAU/RJ destacou que o sistema não está completo, já que seriam cinco piscinões e atualmente existem três. Foi reiterado ainda o potencial de expansão do projeto para outros pontos da cidade.