O CAU/RJ e o CAU Brasil assinam carta conjunta em apoio à nomeação de Carmen Portinho como patrona do urbanismo brasileiro. A iniciativa tem como autor o senador Carlos Portinho, através do Projeto de Lei (PL) 1.679/2022, e relatoria da senadora Eliziane Gama. O PL está na pauta da sessão deliberativa ordinária desta quarta-feira, 10 de agosto, do Senado Federal.
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Segundo a justificativa do projeto, além de marcar a história do urbanismo brasileiro, a engenheira dedicou-se, por muitos anos, à defesa do direito das mulheres ao voto, à proteção das mães e da infância, à educação das mulheres e à valorização do trabalho feminino fora da esfera doméstica. Ela também foi a primeira presidente da Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas (Abea), fundada para incentivar mulheres formandas a ingressar no mercado de trabalho.
Para os conselhos, Carmen Portinho é exemplo e determinação e resistência feminina e inovadora no campo do urbanismo. “Temos certeza de que sua nomeação servirá de inspiração para as futuras gerações de mulheres e homens deste país”, diz trecho do documento.
Sobre Carmen Portinho
Carmen Portinho nasceu em Corumbá (MS), em 26 de janeiro de 1903, e formou-se em engenharia civil em 1925, na Escola Politécnica da antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1939, tornou-se a primeira mulher a obter o título de urbanista no país.
Após formar-se engenheira, Carmen ingressou no quadro técnico da Diretoria de Obras e Viação da prefeitura do Distrito Federal do Brasil. “Por ser mulher, foi desacreditada e impelida a vistoriar um para-raios, instalado no alto de um edifício, no Rio de Janeiro”, diz Carlos Portinho na justificativa do projeto.
Em 1945, Carmen recebeu uma bolsa do Conselho Britânico para estagiar nas comissões de reurbanização das cidades inglesas destruídas pela guerra. Após voltar ao Brasil, sugeriu ao então prefeito do Rio de Janeiro a criação de um departamento de habitação popular para sanar a falta de moradias populares no município.
Assim, em 1946, foi criado o Departamento de Habitação Popular da Secretaria de Viação e Obras Públicas da Prefeitura do Distrito Federal, órgão do qual Carmen foi nomeada diretora.
Um exemplo de seu trabalho, enquanto diretora do departamento, foi a construção do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho, no bairro de São Cristóvão, cujo projeto arquitetônico ficou sob responsabilidade de seu marido, Afonso Eduardo Reidy. Erguido em 1951, o edifício foi elogiado pelos renomados arquitetos Max Bill, em 1953, e Le Corbusier, durante sua passagem pelo Brasil, em 1962.
Feminismo
A urbanista foi pioneira na luta feminista, fundando em 1922 a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. A iniciativa buscava igualdade entre os sexos e a independência da mulher. Junto com Berta Lutz, dedicou a vida em defesa de importantes temas como o direito das mulheres ao voto, a proteção às mães e à infância, a educação das mulheres e a valorização do trabalho feminino fora da esfera doméstica.
* Com informações da Agência Senado