Meses após o incêndio que atingiu o prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, em outubro de 2016, a instituição ainda não pôde retomar o ritmo normal de suas atividades acadêmicas. O final do semestre foi concluído de forma improvisada pelos corredores, ao ar livre, contando com a boa-vontade de professores e alunos.
No começo deste ano, a Universidade chegou a cogitar a possibilidade de suspender o período. Em carta aberta, a direção da Faculdade afirmou estar enfrentando dificuldades em relação ao acompanhamento e implantação das obras no edifício, à conclusão das obras emergenciais, ao uso do dinheiro repassado para as obras emergenciais e a outros posicionamentos que comprometem o retorno adequado às aulas.
Em resposta, a reitoria da UFRJ afirmou que a suspensão do semestre não seria necessária já que, até março, haverá “mais disponibilidade de espaços e melhores condições de trabalho e estudo para o funcionamento das unidades afetadas”.
Diante desse quadro de incertezas quanto à retomada das aulas e cientes tanto da importância histórica do prédio Jorge Machado Moreira quanto da contribuição fundamental dessa entidade de ensino para a arquitetura e o urbanismo, os Conselheiros do CAU/RJ elaboraram a carta abaixo, propondo uma mobilização conjunta de todos aqueles que se solidarizam com a situação da universidade.
Carta de apoio à FAU/UFRJ
O CAU/RJ manifesta todo seu apoio à FAU/UFRJ, que frente ao quadro de calamidade do edifício onde se desenvolvem suas atividades foi levada à perspectiva de suspensão do primeiro período de 2017.
Essa preocupação nasce do reconhecimento da importância da Faculdade na formação de um grande número de arquitetos e urbanistas brasileiros. A FAU/UFRJ é a continuidade do mais antigo curso de arquitetura no Brasil, que comemorou 200 anos em 2016. É, portanto, uma instituição fundamental da memória da arquitetura brasileira.
A apreensão do CAU/RJ deve-se ainda ao reconhecimento do valor arquitetônico e histórico do edifício Jorge Machado Moreira, um exemplar do modernismo brasileiro, premiado internacionalmente e tombado como patrimônio cultural.
Cientes de que a FAU/UFRJ atravessa um momento de grande dificuldade e de que isso se deve ao péssimo estado de conservação do edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, manifestamos nosso temor, considerando que essa situação surge como parte do contexto em que a educação pública passa a sofrer com perdas orçamentárias relevantes que poderão agravar o processo de precarização da educação e da pesquisa no Brasil.
Convidamos, então, os estudantes, arquitetos e urbanistas e as entidades que os representam para uma mobilização conjunta a fim de buscar coletivamente a formulação de propostas e a realização de ações para a salvaguarda e recuperação do edifício e garantir o funcionamento da FAU/UFRJ.
Conselheiros do CAU/RJ
