Os desafios enfrentados pelo Rio de Janeiro, cidade que receberá o 27º Congresso Mundial da União Internacional de Arquitetos em 2020, e a arquitetura das cidades lusófonas nortearam os debates do V Fórum do Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa (Cialp). O evento aconteceu na sede do IAB, nos dias 24 e 25 de fevereiro, com apoio do CAU/RJ, e faz parte da série Arq21, que antecede o Congresso da UIA.
“O Fórum foi uma excelente oportunidade para nos aproximarmos ainda mais dos países de Língua Portuguesa. Foi possível viajar um pouco pelas cidades representadas a cada palestra”, disse o presidente do CAU/RJ, Jerônimo de Moraes Neto.
O presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, afirmou que o fórum foi uma oportunidade para os profissionais brasileiros transmitirem um pouco do conhecimento em arquitetura e urbanismo que detêm e aprenderem com as nuances de cada país. Já o presidente do IAB, Sérgio Magalhães, lembrou o papel fundamental do Cialp para a vitória do Rio de Janeiro, em Durban, como sede do Congresso da UIA 2020. “O objetivo do Fórum é ser um estímulo mais amplo para que surjam reflexões para o Congresso 2020 e ideias que possam ser aplicadas nos países integrantes do Cialp”.
Durante o encontro, também foi eleito o novo presidente do Cialp. O arquiteto de Macau Rui Leão substituirá o português João Rodeia no posto. “Rodeia fez dois mandatos fantásticos. O Cialp é hoje uma instituição muito mais sólida, com um projeto que parece possível de alcançar”, afirmou o presidente recém-eleito.
Na quarta-feira (24/02), a Secretária Geral do IAB, Fabiana Izaga, realizou palestra sobre as transformações do Rio de Janeiro e o impacto da infraestrutura de transportes na paisagem carioca ao longo de 450 anos, com base em sua pesquisa sobre mobilidade da UFRJ, onde leciona. Para ela, o Rio de Janeiro tem cinco grandes desafios a enfrentar nos próximos anos: pensar a cidade em grande escala, criar novas centralidades com uma melhor distribuição dos empregos, repensar a relação da cidade com a Baía de Guanabara, gerar densidade e traçar um planejamento sobre mobilidade e território em rede. Após a palestra os arquitetos e urbanistas Luiz Fernando Janot, conselheiro do CAU/BR pelo Rio de Janeiro, Pablo Benetti e João Rodeia participaram de mesa redonda.
No segundo dia de evento, seis arquitetos apresentaram suas cidades e compartilharam alguns desafios urbanos que cada uma delas enfrenta. Os arquitetos João Santa Rita, Manuel Elias de Carvalho, Nivaldo Andrade, Cláudio Queiroz, Rui Leão e César Freitas fizeram apresentações sobre Lisboa (Portugal), Luanda (Angola), Salvador, Brasília, Macau (China) e Mindelo (Cabo Verde). Ao reunir arquitetos e urbanistas de diferentes pontos do globo, foi possível identificar semelhanças entre as cidades lusófonas que ultrapassam as heranças da colonização portuguesa.
“A relação entre a arquitetura e a cidade se mostrou um elemento estratégico em todas as apresentações”, apontou a arquiteta Angélica Alvim, que participou de mesa redonda, ao lado da arquiteta Margareth Pereira e do presidente do CAU/RJ, Jerônimo de Moraes. “Outras questões são a rápida urbanização que as cidades têm vivenciado e a articulação das regiões metropolitanas, que carecem de um planejamento integrado”, acrescentou. “A cidade do século XXI é a cidade de todos. É essa cidade que deve estar na base das discussões do Congresso”, complementou Angélica Alvim.