Hoje, 20 de novembro, é celebrado O Dia da Consciência Negra, pela primeira vez, em um feriado nacional. A data relembra a luta antirracista e a morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra no Brasil.
A arquitetura e urbanismo, em sua essência, busca proporcionar abrigo e proteção para todos, construindo e planejando cidades funcionais e democráticas. O direito a usufruir das cidades, acesso à mobilidade e habitação digna deve ser garantido para todos os cidadãos.
Em um país majoritariamente não branco, a população preta ainda precisa enfrentar sequelas, inclusive urbanísticas, de quase 400 anos de escravidão no Brasil. O Dia da Consciência Negra propõe uma reflexão sobre a desigualdade racial que paira sobre as cidades brasileiras e que deve ser combatida.
Segundo o IBGE, negros e pardos representam quase 75% dos moradores de favelas no Brasil. Para o desenvolvimento de um planejamento urbano abrangente e que atenda às necessidades de todos em um país tão plural como o Brasil, as favelas e seus moradores precisam ser ouvidos e incluídos no debate.
No Rio de Janeiro, o Cais do Valongo, hoje Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO, foi a maior porta de entrada de negros escravizados das Américas, recebendo mais de um milhão de pessoas em 40 anos. Após a abolição da escravatura, a presença negra na região portuária se intensificou com forte fluxo migratório para a então capital do Brasil.
Os negros recém-libertos instalaram-se na Zona Portuária, onde já existia uma comunidade africana pré-estabelecida, dando origem a Pequena-África, região que abrange os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo. Atualmente, além de relembrar os horrores da escravidão, foi ressignificado como destino turístico, espaço de entretenimento e preservação da cultura afro-brasileira. Será erguido também o “Centro Cultural Rio-África”, visando preservar e valorizar a memória africana.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ) reafirma seu compromisso com a construção de cidades igualitárias e funcionais para todos. Que em todos os lugares, a liberdade e equidade seja soberana.