O 1º Festival Internacional de Cinema de Arquitetura (Archcine), patrocinado pelo CAU/RJ, começou nesta terça-feira (22/11), com uma sessão repleta de arquitetos e urbanistas, engenheiros e produtores culturais, no IAB-RJ. Foram exibidos os filmes “Paraler”, de André Fratti, homenageado pelo Festival, e “Barbicania”, de Ila Bêka e Louise Lemoine.
“Com o Archcine, queremos ampliar o acesso à arquitetura e urbanismo pela sociedade em geral e sair um pouco do nosso círculo e do meio acadêmico”, afirmou a diretora do festival, Aline Pereira. Ela explicou que o evento está sendo idealizado há um ano. “Observamos que, em 25 países, há festivais de cinema sobre arquitetura, mas na América do Sul, existia apenas um, no Chile”.
O presidente do CAU/RJ, Jerônimo de Moraes, parabenizou os organizadores e destacou a importância da linguagem cinematográfica para a disseminação do papel do arquiteto e urbanista. “A melhor forma de representação da arquitetura é o cinema”, afirmou, citando o teórico Bruno Zevi. “Estamos num momento em que é muito difícil produzir cultura. O patrocínio do CAU/RJ possibilitou que o projeto acontecesse”, destacou Diogo Leal, também diretor do Festival.
Anfitrião do evento de lançamento, o presidente do IAB-RJ, Pedro da Luz, manifestou interesse em dar continuidade ao Festival com vistas ao 27º Congresso da União Internacional de Arquitetos, que acontecerá no Rio de Janeiro em 2020. “Além dos seminários e encontros internacionais preparatórios, que vamos promover para o UIA 2020, o Archcine pode entrar na programação com foco na organização de um grande festival”
, explicou Pedro da Luz.
Com três filmes no Archcine, o cineasta André Fratti foi o homenageado da noite. Ele se mostrou satisfeito com a criação de um festival específico para a discussão do cinema de arquitetura. “Os filmes com essas temáticas têm encontrado espaço. Temos o exemplo de ‘Aquarius’ e ‘O Som ao Redor’, que tratam de questões urgentes. Mas, um festival dedicado somente à arquitetura, proporciona, além da fruição, o debate, não apenas sobre o cinema em si, mas sobre a relação entre o cinema e a arquitetura”, opinou.
Formado em cinema pela FAAP, onde dá aulas, Fratti é mestre em arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (FAU/USP). “Diante das questões da arquitetura é que me descobri cineasta”, afirmou. A sessão de abertura também contou com exposição fotográfica de Pedro Mauger, com imagens sobre a revitalização da zona portuária do Rio.
Filmes em cartaz
De 23 a 27 de novembro, o público poderá conferir, no Centro Cultural Justiça Federal (Avenida Rio Branco 241 – Centro – RJ), curtas nacionais como “Wandenkolk” (2015), de Bruno Firmino (PE), e “Entre Céus” (2014), de Alice Jardim (AL), além dos internacionais “Espaço Modular” (2013), de Juan Bautista Cofré e Nicole Ampuero (Chile) e “Um túmulo com vista” (2014), de Ryan J. Noth (Canadá). Já entre os longas-metragens, estão: “Poesia Precisa – A Arquitetura de Lina Bo Bardi” (2013), de Belinda Rukschcio (Áustria/Alemanha); “Vilanova Artigas: o Arquiteto e a Luz” (2015), de Laura Artigas e Pedro Gorski (Brasil/SP); “Oscar Niemeyer, A Luta é Longa” (2015), entre outros. Confira a programação completa aqui.
Entre as 33 opções, a diretora do festival, Aline Pereira destacou o longa “Poesia Precisa – A Arquitetura de Lina Bo Bardi”, da diretora alemã Belinda Rukschcio. “Este filme foi premiado no Festival de Cinema de Arquitetura de Lisboa. Acho interessante porque nos mostra como a obra da Lina Bo Bardi transcendeu as fronteiras do nosso território”. Ela apontou ainda a produção chilena “Espaço Modular”, que trata da especulação imobiliária. “É uma realidade que também está presente no Brasil. Temos inúmeros exemplos do desmanche da paisagem e uma substituição por uma arquitetura menos significativa, o que leva a uma perda da memória afetiva com o lugar”.
“Pesquisamos os filmes e também contamos com a curadoria de Steve Bisson e com a parceria de festivais e movimentos de cinema internacionais, como o Festival de Cinema de Arquitetura de Lisboa e o movimento audiovisual de Veneza Film Essay para a seleção dos filmes”, afirmou Diogo Leal, diretor do festival.
Sábado, 26 de novembro, às 14h, acontece a oficina Arquitetura com Minecraft, onde jovens terão contato com o universo da arquitetura através do uso do game. “Queremos despertar o interesse nesse público sobre a arquitetura e urbanismo e as questões da cidade”, afirmou Aline Pereira. A oficina será realizada por pesquisadores do Laboratório de Estudos das Linguagens e Expressões da Arquitetura, do Urbanismo e do Design da Universidade Federal de Juiz de Fora no Etnohaus (Rua das Palmeiras 26 – Botafogo). Domingo, 27 de novembro, das 14h às 17h, acontece a oficina Archbikes, com um passeio de bicicleta pelo Centro do Rio.
O festival é realizado pela Ibefest e Casa Coisa Design. A entrada é franca, mas é preciso chegar uma hora antes para pegar senha.
Serviço:
De 23 de Novembro a 27 de novembro de 2016 (*Não haverá sessão no dia 26, sábado)
Local: Centro Cultural Justiça Federal
Avenida Rio Branco 241 – Centro – RJ
Entrada Franca
Mais informações: http://www.facebook.com/archcinefestival e http://archcine.com/2016/