Estamos a alguns dias das eleições gerais em nosso país. Os Executivos e Parlamentos federais e estaduais serão eleitos para um novo mandato de quatro anos. As eleições devem representar um momento em que todos os cidadãos refletem sobre os compromissos assumidos por cada candidato postulante e escolhem aqueles que respondem, com propostas de trabalho e comportamento, as expectativas idealizadas por cada eleitor e/ou comunidade. O voto é um instrumento poderoso para as transformações e o avanço das sociedades democráticas. Faça bom uso dele.
Os arquitetos e urbanistas, além de cidadãos brasileiros, integram uma comunidade profissional que possui uma agenda própria de prioridades nacionais e regionais. As nossas cidades estão no limite de um colapso urbano oriundo da ausência de um planejamento estratégico que transcendam governos.
Mais do que nunca, é essencial o estabelecimento de políticas permanentes para enfrentar o déficit habitacional no país e no nosso estado – que hoje está na casa de um milhão de unidades no Grande Rio e no interior. A falta de saneamento básico é um problema que já perdura há décadas, com baixo índice de domicílios integrados a uma rede de esgoto a ser tratado adequadamente. O próprio abastecimento de água potável apresenta problemas de escassez e, em algumas áreas periféricas, ausência crônica de fornecimento.
A mobilidade urbana é o conceito atual que traduz a velha questão da oferta de transportes coletivos de boa qualidade a ser oferecido indiscriminadamente para todas as regiões e bairros de nossas cidades. O direito de locomoção das populações trabalhadoras e mais necessitadas tem de ser garantido por uma política democrática de transporte de massa, preferencialmente sobre trilhos, que garanta eficiência, rapidez e conforto ao usuário.
É necessária a criação de um organismo permanente de planejamento que estruture a Região Metropolitana do Rio, composta por cerca de 70% da população do nosso estado. Já passou da hora de se suprir a necessidade de uma profunda e propositiva discussão pública para elaborar macropolíticas de transporte, saneamento, habitação, saúde, educação e principalmente desenvolvimento econômico que gere trabalho local e integre todas as cidades que compõem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro em um ciclo desenvolvimentista generoso para aqueles que vêm sendo sacrificados por vários anos.
Também é essencial o controle rigoroso da qualidade e custos das obras públicas, oneradas por sucessivos aditamentos de preços, em função de serem licitadas somente por meio de projetos básicos, insuficientes para garantir um planejamento eficaz em relação à qualidade do projeto, prazos e custos finais. O erário público tem de ser defendido contra o desperdício, a incúria, a imprevisibilidade. Nós, arquitetos e urbanistas, temos um papel importante no controle e na aplicação das boas práticas no mundo da Construção Civil e do Urbanismo.
Finalmente, todos os assuntos acima, sinteticamente elencados e que dizem respeito ao nosso dia a dia profissional, não devem ser maiores que as nossas preocupações como cidadãos e cidadãs brasileiras. Precisamos contribuir para mudar a forma de fazer política hoje no país. Interesses privados e particulares não podem se sobrepor às necessidades mais genuínas da sociedade. Política não é profissão: é prestação de serviço à população. O mandato moralmente não pertence ao indivíduo eleito, mas sim aos seus eleitores. Vamos fazer a nossa parte. Não desqualifiquemos o nosso voto. Use-o com sabedoria.